Seria um FOTO que é SÍNTESE da personagem. José Regino em uma conversa com o nosso grupo fala como foi o processo de organização dessa idéia mencionada por ele diversas vezes nos ensaios com seus atores. José Regino conta que já escutou essa de noção de síntese em imagem em situações diferentes durante sua vida: no trabalho de arte educação, no trabalho do
Lume Teatro, em cursos e trocas com outros palhaços. Diz que percebeu também que essa
noção geralmente faz parte de uma narrativa dramática. Nos anos 80, quando ele trabalhava com arte educação escutou de uma professor que quando uma aluno
consegue construir uma foto que sintetize um tema, mesmo em exercício, isso faz com
que ele aprofunde a visão sobre o que está sendo trabalhado. Nesse sentido, eram trabalhados vários exercícios com os alunos: fazer uma cena à partir de uma foto, texto, imagem
ou de um quadro e vise versa.
José Regino observou também esse recurso de
fotografia como síntese em outras linguagens, outras narrativas, filmes. Percebeu que uma imagem age como um recurso para lembrar ao público o ponto de vista daquela
personagem, quem ela é, a origem, a situação da personagem na narrativa. Depois, durante treinamentos de palhaço, tanto com Lume e com o Marcio Libar, sempre escutava: “entre em cena e não faça nada.” Com o tempo e na prática da palhaçaria ele foi entendendo que não existe
“não fazer nada”, pois ele acredita que toda ação é carregada de intenção. Entendeu que “entrar em cena para fazer nada” é no mínimo entrar em cena
para ver e deixar ser visto.
Mais tarde, fazendo estudo sobre atuação cômica, reparou
que alguns atores sempre usavam esse recurso de retomar o estado inicial da personagem durante as cenas. Ele entendia como um recurso proposital para a audiência não esquecer
quem é o personagem, a origem, qual foi a introdução dele no drama. Observou
esse recurso sendo utilizado em cenas televisivas e cinematográfica, como a
antiga TV Pirata e nas narrativas dos filmes do Charles Chaplin. Chamava-lhe a
atenção a forma como Chaplin introduz e
exibe a figura do Carlistos na narrativa. Pensou em usar esse recurso nos seus trabalhos, pois se
o palhaço entrar com a imagem síntese de quem é ele, ele também pode lançar mão da síntese em imagem em
momentos específico e a plateia nunca vai esquecer quem é ele. Em “Quero ser
igual à ele” foi a primeira vez que o Zé
começou a usar esse recurso conscientemente e propositalmente. Na prática do
espetáculo notou que esse recurso funcionava muito bem. A plateia entende e
reconhece de imediato a figura. Atualmente ele reconhece que em qualquer trabalho
que ele faz, sempre usa a técnica da FOTOsSÍNTESE da personagem no estado inicial da narrativa,
como também usa outras imagens que sintetize as transformações que a personagem vive ao
longo da narrativa. Com isso ele percebe
que as expressões e movimentações dos personagens fazem mais sentido e ganham
mais organicidade.
A palavara FOTOsSÍNTESE veio quanto Zé estava estudando
sobre recuperação de plantas, para cuidar de suas plantas domésticas. Ele viu que é importante para as plantas se
recolherem, serem podadas para que seja possível fazer a fotossíntese plenamente
o tempo inteiro. Então, a fotossíntese intendida como um processo biológico de troca entre
a planta e o meio externo serviu como uma metáfora para o momento de exibição da
personagem em uma imagem síntese para a audiência. Uma metáfora para o momento que o ator troca com a audiência e reage de acordo com o jogo que irá estabelecer com a platéia. Foi quando ele deu o nome
FOTOsSÍNTESE.
Nesse pesquisa, José Regino também percebeu a capacidade que a foto tem de sintetizar
processos. Principalmente ao estudar a arte de grandes fotógrafos com Sebastião Salgado.Segundo ele, uma boa foto tem a capacidade de fazer uma síntese visual, estética de um momento e ao mesmo tempo a foto também amplia os significados em conceitos. Assim, para Zé
Regino a FOTOsSÍNTESE busca também ir além do momento “fotografado”, como o
resumo de um percurso no tempo e no espaço.
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