domingo, 22 de novembro de 2015

Observação II - Cena

Transcrição: C1

Ensaio aberto na escola Centro de Ensino Médio do Gama.

No dia 25 de setembro, primeira apresentação de ensaio aberto da peça "Domingo sem Chuva"

- Atores se aquecendo no palco.
- Experimentação do cenário, que conta com projeções de imagens em um painel branco. As imagens estão na cena inicial e na cena final da peça. Na primeira cena as imagens nos situam em uma festa de passagem de ano de 1954. Já as últimas imagens projetadas, nos contam através de colagens cômicas - propositalmente aparentes -sobre a vida das personagens, suas experiências entre 1954 e agora.
- A arquitetura do teatro, que era uma espécie de auditório, não colaborou com a peça porque além do calor enorme, suas inúmeras portas laterais eram o tempo todo abertas pelos alunos que estavam do lado de fora, deixando entrar a intensa luz do sol das 13 h. 
- José Regino recebe a platéia esclarecendo que a apresentação se trata de um ensaio aberto.
- A platéia é formada por adolescentes do ensino médio e suas professoras. O comportamento dessa platéia foi respeitoso de uma forma geral.
- Este local tem uma relação afetiva com o ator João Veloso, pois ele é um ex aluno da escola. Ao final da peça, durante a conversa com a platéia, ele fala sobre sua escolha de profissão e aponta a professora de teatro presente na platéia como uma de suas grandes motivações.
- Coincidiu na cena onde as personagens fumavam maconha, de uma saída de grande quantidade de espectadores. Poderia ter gerado a ideia de um desinteresse por parte  da platéia por causa da cena. No entanto, foi constatado que um sinal de saída da escola tocou no mesmo momento.
- Durante a conversa:
* A professora de teatro disse ter achado interessante que quase não havia palavras na peça, sendo um exemplo de dramaturgia no teatro para os seus alunos presentes.
* Os atores e o diretor perguntou ao público se eles fossem escolher uma das cenas para retirar do espetáculo, qual eles tirariam?
- A maioria escolheu retirar a cena da escada. A maioria dos adolescentes optou  por permanecer a cena do cigarro de maconha no espetáculo.

Observação I - Ensaio

Transcrição: Es1

Ensaio no teatro Conchita de Moraes, no dia 24 de setembro de 2015

-Interessante perceber que os atores aos poucos começaram a fazer a base sonora com a voz enquanto montavam o cenário, vestiam seus figurinos e arrumavam seus cabelos. Essa base foi crescendo, assim como a organização geral dos materiais de cena, até se constituir em música.

-Não há uma presença autoritária do diretor. Tudo flui. Os atores se sentem a vontade com o diretor. O diretor nunca levanta a voz.

- O diretor os lembra de um exercício do aquecimento de voz.


-Durante a passada do espetáculo inteiro, o diretor José Regino intervém de várias formas e chama a atenção dos atores para a relação com os objetos de cena que todos manejam em algum momento do espetáculo:"Colocar o objeto em cena, tem que saber como lidar com ele"

Observação III - Ensaio

Transcrição: Es3

Imagens sobre este post estão em  Exercícios para atores e Trabalho de Ator -1

Ensaio no teatro Conchita de Moraes, no dia 01 de outubro de 2015.

Este ensaio aconteceu logo após o primeiro ensaio aberto, no dia 25 do mesmo mês. Os problemas detectados pelo diretor ganharam foco e este encontro foi totalmente dedicado ao treinamento dos atores de forma a melhorar suas performances no campo das ações cômicas. A palhaçaria, com suas inúmeras técnicas e procedimentos, é fundamental nesse espetáculo e os exercícios que seguem visavam o trabalho sobre as reações dos atores, o seu manejo e relação com os adereços e objetos e a dilatação de seus corpos em cena, dentre outros.  


-Exercício  de andar olhando para trás , pára e olha para a frente.
Zé Regino durante esses exercícios fala que está "convencido de que a ação cômica é didática, mesmo! Ela tem que ser clara."
-Exercício  com a  cadeira :
Falas de intervenção do diretor durante a execução:
"Não se esqueça, é um exercício, não idealize, execute. O objeto agora é seu mestre, não se oponha a ele!"
"Vocês perceberam como vocês estão o tempo todo armados em relação ao objeto? Que em nenhum momento estão passivos? E a relação com o objeto não pode ser
essa!"
 - O diretor, em seu depoimento ao nosso grupo de observação durante o ensaio:
"O nosso teatro é muito proativo, e o que eu busco é a capacidade de reação do ator. O que eu já percebi isso há muito tempo atrás, com a minha pesquisa de palhaço, que é um lugar alógico, o palhaço não trabalha com a lógica, é um universo alógico."
- Agora a indicação é para que os atores continuem os exercícios propostos usando a peruca de suas personagens. Essas são algumas de suas falas durante a execução de tais exercícios:
"Reaja! Brinque com as coisas que  acontece, nada acontece por acaso."
 "Agora peguem mais uma peça do figurino!"
"Não se esqueçam dos princípios: impulso, contra impulso, trajetória e principalmente da respiração  consciente quando você está fazendo isso!"
"Não se esqueçam que a primeira ação de vocês é sempre ser visto, deixar ser visto! Entrar em cena e deixar ser visto."
"Não se esqueçam dos impulsos da trajetória, vocês são as pessoas erradas , no lugar errado, fazendo a coisa errada!"
"O corpo cômico, amanhã, na apresentação, eu quero ver todo mundo como se estivesse ligado na tomada, o corpo dilatado!"

- Ao final do treinamento e do ensaio, os atores e o diretor se reuniram para avaliarem suas experiências:
 Elisa- atriz: "Era um exercício que esgota, mesmo, de esgotamento."
 Kelly- atriz: " Faz sentido mesmo quando a gente vai para a cena. Foi importante porque a gente não teve  esse tempo de treinamento antes."

 Zé Regino chama a atenção dos atores para a apresentação do dia seguinte: "Amanhã, se permitir reagir para não ficar acelerando a cena!"

domingo, 8 de novembro de 2015

Conversas e Reflexões IV - Sobre a FOTOsSÍNTESE.

Seria um FOTO que é SÍNTESE da personagem. José Regino em uma conversa com o nosso grupo fala como foi o processo de organização dessa idéia mencionada por ele diversas vezes nos ensaios com seus atores. José Regino conta que já escutou essa de noção de síntese em imagem em  situações diferentes durante sua vida: no trabalho de arte educação, no trabalho do Lume Teatro, em cursos e trocas com outros palhaços. Diz que percebeu também que essa noção geralmente faz parte de uma narrativa dramática. Nos anos 80, quando ele trabalhava com arte educação escutou de uma professor que quando uma aluno consegue construir uma foto que sintetize um tema, mesmo em exercício, isso faz com que ele aprofunde a visão sobre o que está sendo trabalhado. Nesse sentido, eram trabalhados vários exercícios com os alunos: fazer uma cena à partir de uma foto, texto, imagem ou de um quadro e vise versa.
José Regino observou também esse recurso de fotografia como síntese em outras linguagens, outras narrativas, filmes. Percebeu que uma imagem age como um recurso para lembrar ao público o ponto de vista daquela personagem, quem ela é, a origem, a situação da personagem na narrativa.  Depois, durante treinamentos de palhaço, tanto com Lume e com o Marcio Libar, sempre escutava: “entre em cena e não faça nada.” Com o tempo e na prática da palhaçaria ele foi entendendo que não existe “não fazer nada”, pois ele acredita que toda ação é carregada de intenção. Entendeu que “entrar em cena para fazer nada” é no mínimo entrar em cena para ver e deixar ser visto.
Mais tarde, fazendo estudo sobre atuação cômica, reparou que alguns atores sempre usavam esse recurso de retomar o estado inicial da personagem durante as cenas. Ele entendia como um recurso proposital para a audiência não esquecer quem é o personagem, a origem, qual foi a introdução dele no drama. Observou esse recurso sendo utilizado em cenas televisivas e cinematográfica, como a antiga TV Pirata e nas narrativas dos filmes do Charles Chaplin. Chamava-lhe a atenção a forma como Chaplin introduz e exibe a figura do Carlistos na narrativa. Pensou em usar esse recurso nos seus trabalhos, pois se o palhaço entrar com a imagem síntese de quem é ele, ele também  pode lançar mão da síntese em imagem em momentos específico e a plateia nunca vai esquecer quem é ele. Em “Quero ser igual à ele” foi a primeira vez que o Zé começou a usar esse recurso conscientemente e propositalmente. Na prática do espetáculo notou que esse recurso funcionava muito bem. A plateia entende e reconhece de imediato a figura. Atualmente ele reconhece que em qualquer trabalho que ele faz, sempre usa a técnica da FOTOsSÍNTESE da personagem no estado inicial da narrativa, como também usa outras imagens que sintetize as transformações que a personagem vive ao longo da narrativa.  Com isso ele percebe que as expressões e movimentações dos personagens fazem mais sentido e ganham mais organicidade.
A palavara FOTOsSÍNTESE veio quanto Zé estava estudando sobre recuperação de plantas, para cuidar de suas plantas domésticas.  Ele viu que é importante para as plantas se recolherem, serem podadas para que seja possível fazer a fotossíntese plenamente o tempo inteiro. Então, a fotossíntese  intendida como um processo biológico de troca entre a planta e o meio externo serviu como uma metáfora para o momento de exibição da personagem em uma imagem síntese para a audiência. Uma metáfora para o momento que o ator troca  com a audiência e reage de acordo com o jogo que irá estabelecer com a platéia. Foi quando ele deu o nome FOTOsSÍNTESE.

Nesse pesquisa, José Regino também percebeu a capacidade que a foto tem de sintetizar processos. Principalmente ao estudar a arte de grandes fotógrafos com Sebastião Salgado.Segundo ele, uma boa foto tem a capacidade de fazer uma síntese visual, estética de um momento e ao mesmo tempo a foto também amplia os significados em conceitos. Assim, para Zé Regino a FOTOsSÍNTESE busca também ir além do momento “fotografado”, como o resumo de um percurso no tempo e no espaço.

Observação IV - Ensaio

Observando o último ensaio realizado pelo Grupo Celeiro das Antas, no dia 28 de outubro percebemos que algumas noções e conceitos utilizados pelo Diretor José Regino são norteadores no seu trabalho. À partir dessas observações, estamos identificando quais são os pontos chaves do trabalho e aprofundando algumas questões.
É notável que a musicalidade do espetáculo “Domingo sem Chuva” é muito forte e marcante. Durante esses ensaios de lapidação e manutenção do espetáculo, o grupo começa o trabalho com um aquecimento vocal e depois "passam" todo o repertório musical do espetáculo. Esse trabalho vocal inicial funciona como um aquecimento para começar o ensaio. Apesar da fragilidade técnica musical dos atores a musicalidade é desempenhada muito bem por eles, com as diversas funções propostas nas cenas.Eles trabalham com a noção de grupo orquestra, usam ruídos, sons, ambientações, usam linhas melódicas como subtexto, canção em cena, usam músicas originais, músicas conhecidas, brincam em diálogos com frases musicais.....Para entender melhor como a musicalidade do espetáculo é executada de forma tão diversa, iremos aprofundar mais esse assunto e fazer um poste específico sobre as categorias de uso da musicalidade na cena.
Repetidas vezes o diretor parava uma cena para dizer para os atores “Espera.... primeiro deixar ser vista”, principalmente quando era a primeira vez que a personagem se apresentava ao público. Nesse momento me recordei, imediatamente, do conceito de FOTOsSÍNTE que o diretor trabalha. Trata-se de um momento de apresentação, ou reapresentação da personagem para o público, momento de respirar e de se deixar ser visto. Ele propõe, aos atores, uma atitude menos pró-ativa e mais reativa. Nesse ponto, também tocamos em outra noção que o José Regino trabalha bastante: a reação como chave para a comicidade. O ator tem que dar ênfase em reagir, pois é com a reação que ele vai mostrar o que está acontecendo e estabelecer o jogo com a plateia.  É importante não lidar como se tudo fosse normal, sem reagir às ações. A Reação é a forma como atores/personagens respondemos ao mundo.
O espetáculo não utiliza texto falado, contudo as personagens principais possuem grande complexidade emocional e psíquica, ao estilo stanislaviskiano. Mesmo que não seja dito em texto, nos ensaios e apresentações, percebemos que os personagens tem nome, memória dramática, emotiva e subtexto para cada ação. Na sua dissertação de mestrado, José Regino pesquisou a construção do corpo cômico analisando os quesitos cômicos apontados por Freud em comunhão com as técnicas de  interpretação feitas por Stanislavisk. Essa é um questão curiosa e que devemos aprofundar posteriormente. Quais foram as técnicas utilizadas durante o processo criativo para a construção das personagens?

Nesse último ensaio o Zé Regino definiu geograficamente o espaço do tapete/espaço cênico. Ele delimitou, com um fita crepe no chão, um retângulo onde seria o espaço das personagens e das cenas. Fora desse tapete, ficam duas araras de roupas e cadeiras onde os atores, de maneira distanciada e meta teatral, se vestem, observam a cena, executam as músicas. Mesmo durante a narrativa da cena, se uma ator sai do tapete para pegar um adereço, ele se distancia  da personagem e só volta a ser personagem quanto o ator pisa o pé no tapete novamente. Com esse espaço cênico delimitado no chão, percebemos que o jogo teatral ficou muito mais claro para a plateia, de que são atores fazendo teatro. À partir daí, José Regino também sugeriu alguns momentos de quebra nesse jogo do tapete. Foram algumas cenas marcadas no espetáculo em que um ator entra no tapete, olha para a plateia como ator, percebe que tem que “entrar” na personagem e posteriormente monta o corpo da personagem. Com essa brincadeira, eles enfatizam o jogo do tapete, proposto anteriormente. Percebemos que a noção de fotossíntese e de reação também ficaram mais marcantes na cena. Os atores parecem dizer à plateia: “Estamos fazendo teatro. Eu sou um ator que estou fazendo a personagem tal. Vamos jogar?” Dessa maneira eles convidam e re-convidam a plateia para o jogo da cena e a comicidade acontece.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Cenas das "longevas"

Transcrição: Es2b




















Conversas e Reflexões III - Narrativa / linearidade


O eixo aqui proposto para reflexão tem como objetivo alinhar  os elementos narrativos criados pelo diretor José Regino, e grupo Celeiro das Antas  na escrita cênica de “Domingo sem Chuva”. Como também  estabelecer os materiais  “contraditórios”  no processo de nossa observação.

Num primeiro momento podemos  afirmar que, apesar da narrativa se estruturar em blocos seguindo a  temática  da “velhice”, a linearidade se preserva na apresentação da temática, na construção das personagens principais: que é um casal que  é posto no asilo pela filha e genro, quando a mãe apresenta os primeiros sinais de Alzheimer e o pai com a doença de Mal de Parkinson.
É uma estrutura linear simples, não há narrativas paralelas, os protagonistas se mantém, apenas alguns recortes são realizados com  o objetivo de situar o asilo como local onde se apresentam os “tipos” comuns, e que são apresentados nas cenas de “passagem”.  Cenas que na transcrição de nosso material, denominamos como cenas de “transição”. Quando questionamos a denominação destas cenas para o ator e diretor musical João Veloso, ele nos explicou, que as cenas  apenas foram criadas para apresentar o cotidiano de um asilo.
Nesta apresentação, usaremos apenas a denominação de cenas de “passagem” para contrapor com as cenas das “longevas”.


1- O surgimento da temática:

A partir de uma provocação do diretor   ao grupo; de se  construir personagens  “idosos”  em ações para  realização de  uma troca de lâmpada. 
Percebeu-se, este,   que no improviso dos atores, as ações de fragilidade das personagens provocavam o riso, e portanto  funcionaria  para o trabalho de comicidade.


2- Primeiro Argumento:

A partir desta ideia, o diretor criou  uma história onde 4 amigos ainda na fase da juventude se encontram no Reveillon de 1954. A partir de um  corte temporal,  a cena retorna para o tempo atual, apresentando o momento de velhice destas personagens. 
Percebemos que há um efeito quase cinematográfico, quando há  a interrupção da cena inicial dos amigos no Reveillon para  o cotidiano do casal já envelhecidos, entremeados com as cenas do cotidiano do asilo que apontam para o desfecho final: reencontro trágico-cômico  dos amigos no asilo.

3-  Pequenos Blocos Narrativos:

Os blocos narrativas, que também não é uma definição final, são as cenas que entremeiam a narrativa principal, e cujo objetivo é apresentar o cotidiano do asilo. Em nossa observação, denominamo-as  como cenas de “transição” apenas para leitura e transcrição do nosso material.
Apesar destes blocos apresentarem uma estrutura próximo as cenas  de esquetes, ainda, preferimos não conceituá-las deste modo para evitar a redução  na observação e, poder assim ampliar a compreensão da estrutura narrativa elaborada pelo grupo.

4- Signos Narrativos:

Há na estrutura narrativa, alguns signos que encadeiam as cenas, como por exemplo:

a) O objeto balão:
1-    que é utilizado na cena das “longevas”, fazendo referência a ornamentação do asilo para a festa junina;
2-    também usado na cena  de “passagem”  onde dois homens idosos utilizam a escada para colocar o enfeite do balão (que foi a cena-mote que deu início a todo processo com a provocação da troca de lâmpada).
b) As músicas que marcam cenas específicas, e sons que provocam atmosferas de tensão; como pro exemplo: A batida de coração quando a mãe começa a apresentar os primeiros sinais de Alzheimer.



5- As "Longevas" : Palhaços Transvestidos
Há na estrutura  duas cenas que estamos denominando como:
      Longevas na reza;
      Longevas preparando a festa junina.

Cenas estas que segundo a minha observação não seguem as mesmas características das cenas de “passagem” que apresentam personagens como tipos comuns: o velho rabugento, a fisioterapeuta impaciente, o velho conservador, o avô paciente e o neto revoltado. Nas cenas de “passagem” o elemento cômico se estrutura na fragilidade da velhice. Diferente das cenas das “longevas” cujos  personagens se apresentam como  palhaços transvestidos e,  a fragilidade se aproxima mais da caricatura do que se é frágil.  No entanto, mantém o mesmo objetivo das cenas de “passagem”: apresentação do cotidiano do asilo e provocar comicidade.
Ainda há necessidade de outras observações, discussões em grupo  para uma melhor entendimento e definição destes personagens e função da cena.

7- Conclusão:
É importante ressaltar, que  com a captação do material de observação, e a nossas próprias observações,  estamos agora caminhando para a fase de discussões deste material, para melhor definição e categorização dos eixos temáticos.  

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Exercícios para atores



Transcrição: B2 - B3




Depois da experiência da primeira apresentação, e as observações da audiência,  algumas mudanças na cena são realizadas com objetivo de melhor fluidez e compreensão do espetáculo.
E para está fase, o grupo retoma o treinamento de ator. O material de vídeo se refere aos exercícios de palhaço. Estes exercícios além de focar na imaginação interpretativa, junto aos  exercícios stanislavskianos, trabalham os atores para a ação-reação e a força da fisicalidade no jogo cênico.
Esses exercícios estarão explicados em futura postagem, intitulada: 
Anotações Escritas da Observação 2.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Material de Observação - Es1c - Es1a - Et 1

Transcrição: Es1c




      Neste vídeo, podemos observar o corporal das personagens já idosas (refere-se ao casal que se conheceu na passagem do reveillon em 1954, junto com mais dois amigos).
     As personagens idosas apresentam a situação comum dos idosos em nossa sociedade, como o abandono em asilos pela própria família, muitas vezes, quando estão cometidos de doenças como o Mal de Parkinson e Alzheimer. 



Transcrição: Es1a - Et1




     Momento de aquecimento dos atores com marcações de cenas, e pequeno depoimento de José Regino onde explica o surgimento do argumento da peça:
 "Domingo Sem Chuva" e seu processo inicial de trabalho.
     A pesquisa surgiu de algumas inquietações do próprio José Regino sobre a velhice, a partir daí propôs para o grupo determinadas situações de improviso. Das 20 situações surgidas nos improvisos, eles aproveitaram 12 situações para construírem um roteiro teatral.
     Importante ressaltar que as observações  realizadas  por José Regino nos asilos e abrigos de idosos no DF, apenas reforçou a ideia que ele já tinha sobre a "velhice".
     No Lar dos Velhinhos Maria Madalena - Instituto Integridade, compartilhando suas observações com a Psicóloga Dra. Isadora, segunda ela, as situações todas criadas pelo grupo são factíveis, e  presentes no Lar dos Velhinhos Maria Madalena, além de muitas outras situações que poderiam ser facilmente material de pesquisa do diretor e grupo.





Primeiro Ensaio Aberto

Transcrição: C 2





O Ensaio Aberto, termo que o grupo se utiliza para denominar as apresentações para verificação do resultado do processo junto a determinada audiência.
Estas apresentações ocorrem com objetivo de limpar, cortar, definir ritmos de cenas e personagens, compreensão e reação, a partir da resposta do público, antes de estrear definitivamente no circuito cultural da cidade 
Segundo o ator João Veloso, a prática do ensaio aberto, estabelece que o trabalho ainda está em processo, e que tudo pode mudar com a resposta da audiência.
O primeiro Ensaio Aberto ocorreu no dia 25 de setembro no Centro de Ensino Médio do Gama para um público de adolescentes e de professores.
Ao final, o grupo abriu para um debate, buscando opiniões, críticas e compreensão da peça: "Domingo Sem Chuva".

Obs: Procuramos não filmar estes momentos por não termos oficializado junto à direção da escola, a autorização para utilização de imagens da comunidade escolar.




Trabalho de Ator -2 (Temática sobre a Velhice)

Momento 2-  
Processo de construção da personagem seguindo a temática sobre a velhice.
Neste momento as características pessoais de cada personagem começam a se definir, somando-se à utilização de alguns objetos e parte do figurino. O diretor José Regino sempre interfere junto aos atores, ora orientando-os nas características de seus personagens, ora corrigindo-os em reações físicas e intenções que definam melhor cada personagem.

















sábado, 17 de outubro de 2015

Conversas e Reflexões II - Sobre a Não Espetacularização e a Narrativa no Teatro de Zé Regino

Um conceito citado por Zé Regino, quando das primeiras observações que fizemos do processo, foi o da não espetacularização. Ele nos disse que atualmente buscava a não  espetacularização nos seus trabalhos de teatro. Perguntamos o que isto significava para ele e a resposta que nos deu foi a de que procurava criar cada vez mais um teatro próximo de quem o assiste, acessível. Como aconteceu quando sua companhia apresentou "Sonho de Uma Noite de Verão" em uma escola e a professora que até então havia alimentado o desejo de montar uma peça de Shakespeare com seus alunos mas acreditava não ser capaz de realizar tal feito, os confessou que depois de assistir àquela apresentação percebeu que sim, seria possível. Ou seja, a não espetacularização seria um teatro que se coloca ao alcance do espectador, no âmbito do fruição e da produção.¹
Outro ponto importante na trajetória do diretor e presente também na montagem que estamos observando, é a narrativa.² Ele comentou conosco que prefere que uma pessoa, após assistir ao  seu espetáculo, não concorde com nada do que viu do que diga que não entendeu. Isto parece justificar a sua opção pela narrativa, que se constrói nessa montagem com quase nenhuma palavra. As músicas cantadas à capela,  as ações físicas dos atores, os figurinos e os cenários nos contam todas as informações necessárias para embarcarmos com a nossa imaginação na história.
 É interessante notar que nessas duas opções estéticas (a não espetacularização e a narrativa)  existe uma preocupação em tornar o teatro acessível, no sentido de que quem o receba não o veja como algo distante de sua capacidade de fruição e realização e/ou perceba as pessoas que fazem parte daquilo como seres "eleitos". Isso nos remete a uma frase de Amir Haddad onde ele diz que "o teatro é a magia sem mistério", nos lembrando que o belo nessa arte pode ser muito mais potente quando é também político, de igual para igual, em sua forma de se apresentar.


 ¹ Este termo não se encontra no "Dicionário de Teatro de Patrice Pavis", nem no "Ler o Teatro Contemporâneo" de Jean-Pierre Ryngaert, ou no "Léxico de Pedagogia do Teatro" de coordenação de Ingrid Dormien Koudela e José Simões de Almeida Junior. Então resolvemos investigar a palavra em si, e o que encontramos no Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa- 5º edição, foi:  
Espetacularização: 1.ato ou efeito de espetacularizar.
Espetacularizar: 1.Dar caráter de espetáculo a.
Espetáculo: 1.Tudo que chama a atenção, atrai e prende o olhar.

²  Narrar: 1.Expor minuciosamente.( Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa- 5º edição)
E qual seria a outra forma de se falar através do teatro, que não a narrativa? Ficamos nos perguntando, e este será assunto para o próximo post.